VIANNA,
J. A.; DUÍNO, S. R. Expectativa dos iniciantes na prática de lutas. In: VIANNA,
J. A. (Org.) Lutas. São Paulo: Fontoura,
2015, p.19-38.
Resumo
A
presente investigação de caráter descritivo teve por objetivo, traçar um perfil
de propósitos e de expectativas de sujeitos, que buscam a prática de lutas. O
conhecimento da percepção dos sujeitos investigados pode favorecer as
intervenções mais adequadas, frente a este fenômeno pouco estudado, que cresce
em grandes proporções no Brasil. Participaram desta investigação 30 caratecas,
19 capoeiristas e 27 lutadores de jiu-jitsu de diversas graduações,
considerados iniciantes em suas modalidades de luta - com até seis meses de
prática, na faixa etária de 13 a 17 anos. Os sujeitos responderam o questionário
antes do início de suas atividades corporais. Embora a maioria dos indivíduos
que participaram do estudo, não se enquadre nos pressupostos de relacionamentos
sociais que levem a prática da violência – ligações segmentares - é possível
que a minoria de lutadores que se conforma a esses padrões, seja responsável
pelo fenômeno de violência que tem sido relatado pela mídia. O conjunto dos
dados sugere a busca instrumental das artes marciais por esta minoria, que é
reforçada pela omissão da família e pela impunidade. Podemos suspeitar que a
aceitação de um maior nível de violência nas competições atuais conhecidas como
“vale tudo”, nas quais se observa a flexibilização das normas e padrões de
autocontrole que foram construídos ao longo do tempo nas diversas lutas / artes
marciais / esportes de combate, são reflexo da diminuição da repugnância ao uso
da violência na sociedade atual. A violência ritualizada nas competições de
“vale tudo” gera a suspeita de que o equilíbrio construído nas lutas, com maior
ênfase na violência racional para alcançar os objetivos, esteja pendendo para a
violência afetiva com a diminuição do autocontrole.
Sobre os autores
José Antonio Vianna
Doutor em Educação Física e
Cultura. Professor Adjunto no Instituto de Educação Física e Desportos, DESCO –
UERJ. Coordenador do Laboratório Interdisciplinar de Estudos em Lutas – LLUTAS.
Professor no Mestrado de Ensino em Educação Básica do IAFRS / UERJ. Diretor
Técnico da Federação de Karate Shotokan no Rio de Janeiro.
Silvana Rígido Duíno
Mestre em Educação Física.
Coordenadora do Polo de Ensino à Distância e docente na Universidade Estácio de
Sá. Faixa preta de karate Shotokan.
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