terça-feira, 12 de abril de 2016

Expectativa dos iniciantes na prática de lutas

VIANNA, J. A.; DUÍNO, S. R. Expectativa dos iniciantes na prática de lutas. In: VIANNA, J. A. (Org.) Lutas. São Paulo: Fontoura, 2015, p.19-38.

Resumo
A presente investigação de caráter descritivo teve por objetivo, traçar um perfil de propósitos e de expectativas de sujeitos, que buscam a prática de lutas. O conhecimento da percepção dos sujeitos investigados pode favorecer as intervenções mais adequadas, frente a este fenômeno pouco estudado, que cresce em grandes proporções no Brasil. Participaram desta investigação 30 caratecas, 19 capoeiristas e 27 lutadores de jiu-jitsu de diversas graduações, considerados iniciantes em suas modalidades de luta - com até seis meses de prática, na faixa etária de 13 a 17 anos. Os sujeitos responderam o questionário antes do início de suas atividades corporais. Embora a maioria dos indivíduos que participaram do estudo, não se enquadre nos pressupostos de relacionamentos sociais que levem a prática da violência – ligações segmentares - é possível que a minoria de lutadores que se conforma a esses padrões, seja responsável pelo fenômeno de violência que tem sido relatado pela mídia. O conjunto dos dados sugere a busca instrumental das artes marciais por esta minoria, que é reforçada pela omissão da família e pela impunidade. Podemos suspeitar que a aceitação de um maior nível de violência nas competições atuais conhecidas como “vale tudo”, nas quais se observa a flexibilização das normas e padrões de autocontrole que foram construídos ao longo do tempo nas diversas lutas / artes marciais / esportes de combate, são reflexo da diminuição da repugnância ao uso da violência na sociedade atual. A violência ritualizada nas competições de “vale tudo” gera a suspeita de que o equilíbrio construído nas lutas, com maior ênfase na violência racional para alcançar os objetivos, esteja pendendo para a violência afetiva com a diminuição do autocontrole.

Sobre os autores
José Antonio Vianna
Doutor em Educação Física e Cultura. Professor Adjunto no Instituto de Educação Física e Desportos, DESCO – UERJ. Coordenador do Laboratório Interdisciplinar de Estudos em Lutas – LLUTAS. Professor no Mestrado de Ensino em Educação Básica do IAFRS / UERJ. Diretor Técnico da Federação de Karate Shotokan no Rio de Janeiro.

Silvana Rígido Duíno

Mestre em Educação Física. Coordenadora do Polo de Ensino à Distância e docente na Universidade Estácio de Sá. Faixa preta de karate Shotokan.

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